terça-feira, 30 de março de 2010

QUILOMBOLAS



Surgidas no século XVII, em pequenos assentamentos rurais que se formavam espontaneamente e abrigavam negros foragidos das senzalas, índios e mestiços, as comunidades quilombolas se tornaram uma fonte rica e pura da cultura negra no país. Segundo o Centro de Cartografia Aplicada e Informação Geográfica da Universidade de Brasília (UnB), existem hoje registros de 2.842 comunidades quilombolas espalhadas por todas as regiões do Brasil.

Filme: Maré Capoeira


Maré é o apelido de João, um menino de dez anos que sonha ser mestre de capoeira como seu pai, dando continuidade a uma tradição familiar que atravessa várias gerações. Um filme de amor e guerra.
Este curta de ficção contém muitas informações históricas que podem ser trabalhadas em sala de aula, como a origem dos cativos africanos, sua trajetória no Brasil e sua contribuição para a formação de nossa cultura. Além das cenas e imagens produzidas, o filme conta também com arquivos que ilustram e destacam a participação da cultura negra em nossa História, criando, assim, uma identificação e uma valorização do legado africano

MAS POR QUE ELES SE CHAMAM KALUNGA?


Assim, com k, Kalunga m foi como passaram a ser chamados todos os moradores daquele território, depois que se descobriu, não muitos anos atrás, que eles tinham uma mesma história comum, como iremos contar mais adiante. Mas, escrito com c, calunga é uma palavra de muitos sentidos, que se incorporou à língua do povo brasileiro. Quer dizer coisa pequena e insignificante, como o ratinho camundongo que no Nordeste do Brasil se chama calunga ou então catita. E quer dizer também pessoa ilustre, importante. E também é o nome que se dá à boneca que sai nos cortejos dos reis negros dos Maracatus de Pernambuco.
E ainda significa a morte, o inferno, o oceano, o senhor, conforme se diz nos livros. Mas, na terra do povo Kalunga, calunga é mesmo o nome de uma plantinha (simaba ferruginea) e do lugar onde ela cresce, perto de um córrego que também tem esse mesmo nome.
Tudo isso parece estranho ou muito confuso? Pois não é, não. A gente costuma pensar que as palavras são só os nomes das coisas, mas esquece que elas circulam entre as pessoas. E, conforme vai passando o tempo, as palavras vão ficando carregadas de muitos significados que estão nas ideias das pessoas.
Kalunga é uma palavra comum entre muitos povos africanos e foi com eles que ela veio para o Brasil. Era normal por isso que os próprios africanos fossem chamados assim, calungas. Este era apenas um outro modo de dizer negros.
E como os colonizadores portugueses consideravam todos os negros inferiores, é fácil entender por que a palavra calunga, nome que eles davam aos negros, passou a querer dizer também coisa pequena e insignificante, como o camundongo catita do Nordeste.
Mas, quando se pensa no sentido da palavra kalunga para os próprios africanos, tudo se inverte. Entre os povos chamados congo ou angola, por exemplo, que foram dos primeiros a serem trazidos para o Brasil como escravos, kalunga era uma palavra ligada às suas crenças religiosas.
Ela se referia ao mundo dos ancestrais. eles acreditavam que as pessoas deviam prestar culto aos seus antepassados, porque era deles que vinha a sua força. Para eles, o mundo era representado como uma grande roda cortada ao meio e em cada metade havia uma grande montanha.
Numa metade da roda, o pico da montanha ficava virado para cima. Mas na outra metade a montanha estava invertida, de cabeça para baixo. De um lado da roda, a montanha de cima representava o mundo dos vivos. De outro, a montanha de ponta cabeça representava o mundo dos mortos, terra dos ancestrais.
As duas montanhas eram separadas por um grande rio que eles chamavam de kalunga. Por isso, para eles, kalunga era o nome desse lugar de passagem, por onde os homens podiam entrar em contato com a força de seus antepassados. Já se vê assim que, se os africanos associavam a palavra kalunga à morte e ao mundo dos mortos, era de um jeito muito diferente do nosso.
Para nós, hoje em dia, o cemitério, morada dos mortos, é um lugar triste e assustador. Para eles, kalunga era o que tornava uma pessoa ilustre e importante, porque mostrava que ela tinha incorporado em sua vida a força de seus antepassados. Era assim que agiam os reis, que só governavam enquanto eram capazes de manter seu povo unido em torno dessa força comum dos antepassados.
Por isso, no cortejo dos reis e rainhas dos Maracatus, sempre foi obrigatória a presença da boneca que chamam calunga.
Ela é um símbolo da realeza africana e do poder dos ancestrais. Muitos anos foram aprisionados e trazidos para o Brasil como escravos, atravessando um grande rio, calunga grande, o mar oceano. Então, para eles, a morte passou a ter outro sentido. A morte era um sentimento. O sentimento que os escravos traziam na alma, depois de terem perdido sua liberdade.

O SURGIMENTO DO POVO KALUNGA


E são os bandeirantes e os quilombos que nos fazem chegar mais perto da origem do povo Kalunga. Porque o território Kalunga no começo também foi um quilombo, que surgiu na época em que os bandeirantes paulistas chegaram até as terras de Goiás. Foi no final do século XVII e começo do século XVIII que os bandeirantes finalmente conseguiram realizar o sonho de encontrar ouro nas terras do interior do Brasil. O ouro que buscavam existia, sim, e em tal quantidade que as terras onde foi descoberto passaram a ser chamadas de Minas Gerais. A febre do ouro tomou conta de todo mundo. Como nas terras da América controladas pela Espanha, também no Brasil agora era possível enriquecer, muito e depressa. Tanto assim que quase metade da população de Portugal se mudou para as Minas Gerais. E então ali começaram a crescer rapidamente arraiais e vilas que logo se transformaram em cidades, com muitos sobrados e igrejas. Um desses arraiais onde mais se encontrava ouro passou a ser tão importante que logo foi chamado de Vila Rica e é hoje a cidade de Ouro Preto. E é claro que onde havia tanta riqueza a explorar também eram precisos muitos escravos. Como no tempo da cana-de-açúcar, também agora os escravos que faziam todo o trabalho da mineração. Dia e noite cavavam as beiras dos rios e ribeirões, com os pés e as pernas dentro da água, tirando o cascalho misturado com as preciosas pepitas de ouro que era preciso separar. Muitos outros viviam a maior parte do tempo na escuridão, trabalhando nas minas que precisavam cavar cada vez mais fundo, para tirar o ouro de dentro da terra. E ainda se encarregavam de todos os demais trabalhos que era preciso fazer nas cidades, exercendo todo tipo de ofício. As mais belas igrejas que existem nas cidades de Minas Gerais foram construídas com o trabalho dos escravos. E o mais importante escultor do Brasil, que vivia em Vila Rica nessa época e era conhecido como Aleijadinho, foi um mestiço, filho de uma negra e de um mestre de obras português. Mas a ambição dos bandeirantes não se contentava com as riquezas das Minas Gerais. Se ali havia tanto ouro, não haveria ainda muito mais, por aquelas outras terras do sertão?
Foi assim que, subindo e descendo serras, entrando por dentro do mato, avançando pelo cerrado, em 1722, o bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva, juntamente com João Leite da Silva Ortiz, chegou àquelas terras que iriam ser chamadas de "minas dos Goiases". Este era o nome de um povo indígena que vivia naquela região, onde havia muito ouro. Foi a partir de então que ali começou a exploração das minas. Atrás do ouro tinham vindo os bandeirantes e atrás deles viriam os mineradores com seus escravos. É aqui que começa de verdade a história do povo Kalunga.

A HISTÓRIA DO POVO KALUNGA


O povo Kalunga é uma comunidade de negros originalmente formados por descendentes de escravos que fugiram do cativeiro e organizaram um quilombo, há muito tempo atrás, num dos lugares mais bonitos do Brasil, a região da Chapada dos Veadeiros, no norte de Goiás. Toda a área que eles ocupam foi reconhecida oficialmente em 1991 pelo governo do Estado de Goiás como Sítio
Histórico que abriga o Património Cultural Kalunga, parte essencial do património histórico e cultural brasileiro.
Esta história começa lá longe no tempo, há mais de duzentos anos. Foi quando o território que é hoje o Estado de Goiás começou a ser conquistado pelos colonizadores portugueses. Aquele era um tempo dominado pela febre do ouro e os escravos sofriam muito no cativeiro. Mas para entender como tudo isso aconteceu, nós temos que voltar ainda mais para trás na história, para os tempos do começo da história do Brasil.

Lei n. 10. 639/2003 e a Educação Quilombola

A legislação educacional brasileira permite que educadoras e educadores atuem paraminimizar as desigualdades étnico-raciais nos espaços educacionais. Inicialmente com osTemas Transversais e um exercício de boa vontade e de consciência política, algunseducadores já abordavam as desigualdades étnico-raciais presentes na sociedade brasileira apartir dos pressupostos do tema da “Pluralidade Cultural”. Desde 2003, a Lei n. 10.639/2003,que altera a LDB estabelecendo a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-Brasileira na Educação Básica, permite uma ação mais contundente para valorização dacultura negra brasileira e africana. Para subsidiar esse exercício de promoção de cidadaniaplena de todos e todas, é preciso compreender

(...) a cidadania como participação social e política, assim como exercício de direitos edeveres políticos, civis e sociais, adotando, no dia-a-dia, atitudes de solidariedade,cooperação e repúdio às injustiças, respeitando o outro e exigindo para si o mesmorespeito (Brasil, Secretaria de Educação Fundamental, 1998, p.7).

É importante lembrar que ações afirmativas são importantes para a garantia de uma sociedadedemocrática. Contudo, muitas são as resistências às políticas públicas educacionais dirigidaspara a população afro-brasileira. É preciso superar o baixo preparo de gestores e gestoras notrato dos problemas sociais brasileiros e, em especial, aqueles relacionados com os chamados excluídos sociais – negros, quilombolas, mulheres, indígenas, deficientes físicos, pessoas comorientações sexuais diferenciadas e outros – para que a eqüidade racial e de gênero estejam defato corporificadas na nossa sociedade.

EDUCAÇÃO QUILOMBOLA

A escola tem um papel fundamental para os moradores dos quilombos contemporâneos, mas eles desejam uma escola sua, da comunidade, onde suas diferenças sejam respeitadas.
A grande diferença que se deve destacar entre a transmissão do saber nas comunidades negras rurais e nas escolas é que, no primeiro caso, o processo, fruto da socialização, desenvolve-se de forma natural e não formal e, no segundo, o saber nem sempre está referenciado na experiência do aluno.
A educação é um instrumento privilegiado para formar cidadãos capazes de conhecer e compreender, para saber discernir e, se necessário, mudar a sociedade em que vivem. Atentar para a composição multicultural do povo brasileiro é condição essencial quando se tem por objetivo formar alunos e professores para o exercício da cidadania

Educação Quilombola e a Diversidade


A visibilidade das comunidades negras rurais começou a ganhar expressão a partir da Constituição Federal de 1988, que em seu artigo Art. 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias garantiu a propriedade dos moradores nas áreas supracitadas. Baseados na Lei, os quilombolas lutam pela emissão dos títulos definitivos de suas terras. Hoje, os quilombolas buscam superar a prática da cultura de subsistência e acreditam na possibilidade de sobreviver respeitando os costumes do passado e os valores ancestrais, procurando estratégias de desenvolvimento sustentável, na perspectiva de garantia de vida digna.
Há avanços nas políticas públicas para as áreas de comunidades remanescentes de quilombos, como, por exemplo, o Decreto n. 4.887/2003 que “Regulamenta o procedimento para a identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos de que trata o Artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias”. Este Decreto apresenta um novo caráter fundiário, dando ênfase à cultura, à memória, à história e à territorialidade, uma inovação no Brasil, que é o reconhecimento do Direito Étnico. O estudo da história dos quilombos contemporâneos é de suma importância na afirmação da identidade do povo brasileiro e a sua inclusão no currículo da Educação Básica é fundamental para a formação da nacionalidade.

Educação Quilombola e a Diversidade


Conhecer a história das comunidades remanescentes de quilombos existentes em todos os estados da Federação é importante para todos os brasileiros.Podemos conceituar hoje os Quilombos Contemporâneos como comunidades negrasrurais habitadas por descendentes de africanos escravizados, que mantêm laços deparentesco e vivem, em sua maioria, de culturas de subsistência, em terra doada, compradaou ocupada secularmente pelo grupo. Os habitantes dessas comunidades valorizam as tradições culturais dos antepassados, religiosas ou não, recriando-as no presente.
Possuem uma história comum e têm normas de pertencimento explícitas, com consciência de suaidentidade. São também chamadas de comunidades remanescentes de quilombos, terras depreto, terras de santo ou santíssimo.

EDUCAÇÃO QUILOMBOLA

Para pensar e fazer a educação em comunidades quilombolas um requisito é fundamental: saber ouvir e ter sensibilidade para o que emerge enquanto necessidades educacionais de crianças, jovens, anciãos, lideranças, mulheres e homens encarnados nas mais diversas culturas "porque aqueles que são sábios reconhecem que diferentes nações têm concepções diferentes das coisas"Carlos Rodrigues Brandão in O que é educação.

EDUCAÇÃO QUILOMBOLA


A necessidade imperiosa da formação de professores no tema Pluralidade Cultural. Provocar essa demanda específica na formação docente é exercício de cidadania. É investimento importante e precisa ser um compromisso político pedagógico de qualquer planejamento educacional / escolar para formação e/ou desenvolvimento profissional dos professores.” (PCN.Temas Transversais)
Infelizmente, as comunidades remanescentes de quilombos ainda são pouco conhecidas por grande parte dos brasileiros.Cabe aos educadores a árdua tarefa ética de mudar esse equivocado paradigma secular tendo agora uma visão mais ampla sobre esses grupos que ultrapasse a simples questão fundiária e considere os aspectos étnicos, históricos, antropológicos e culturais.
A bagagem cultural africana é matriz importante na formação do povo brasileiro.
Os povos africanos não foram responsáveis somente pelo povoamento do território brasileiro e pela mão de obra escrava. Podemos destacar algumas contribuições pedagógicas dos povos africanos: oralidade, alunos e alunas contadores de histórias; a circularidade, que é um valor civilizatório afro-brasileiro, pois aponta para o movimento, a renovação, o processo e a coletividade; a musicalidade, que é um dos aspectos afro-brasileiros mais emblemáticos e que está na gênese da música popular brasileira; cooperatividade - a cultura afro-brasileira é cultura do plural e do coletivo.

EDUCAÇÃO QUILOMBOLA

As comunidades remanescentes de quilombos possuem dimensões sociais, políticas e culturais significativas, com
particularidades no contexto geográfico brasileiro, tanto no que diz respeito à localização, quanto à origem. É preciso
ressaltar e valorizar as especificidades de cada área de remanescente, quando do planejamento e execução de ações
voltadas para o desenvolvimento sustentável das mesmas.

Levantamento feito pela Fundação Cultural Palmares, órgão do Ministério da Cultura, aponta a existência de 1.209
comunidades remanescente de quilombos certificadas e 143 áreas com terras já tituladas.

Existem comunidades remanescentes de quilombos em quase todos os estados, exceto no Acre, Roraima e no Distrito
Federal. Os que possuem o maior número de comunidades remanescentes de quilombos são Bahia (229), Maranhão
(112), Minas Gerais (89) e Pará (81).

Estudos realizados sobre a situação dessas localidades, demonstram que as unidades educacionais estão longe das
residências dos alunos e as condições de estrutura são precárias, geralmente construídas de palha ou de pau-a-pique;
poucas possuem água potável e as instalações sanitárias são inadequadas.

A maioria dos professores não é capacitada adequadamente, e o numero é insuficiente para atender a demanda. Em
muitos casos, uma professora ministra aulas para turmas multisseriadas. Poucas comunidades tem unidade educacional
com o ensino fundamental completo.

terça-feira, 23 de março de 2010

QUILOMBOS NO BRASIL

Quilombo dos Palmares

Na história das revoltas escravas brasileiras, a de Palmares ocupa lugar ímpar. Não foi apenas a primeira, mas, também, a de maior envergadura. No decurso de quase um século os escravos da então capitania de Pernambuco resistiram às investidas das expedições continuamente enviadas por uma das maiores potências coloniais do mundo. Projeta-se como o acontecimento dominante da história pernambucana na segunda metade do século XVII e como um dos mais sérios problemas que a administração colonial lusitana teve de enfrentar no Brasil. Pois inúmeras vezes a coroa admitiu francamente que a extinção de Palmares teve uma importância comparável à da expulsão dos holandeses. Comandadas por alguns dos melhores chefes militares da época, mais de trinta expedições – provavelmente o número passou de quarenta – marcharam contra Palmares, no mais prolongado e árduo esforço bélico da história colonial, à parte o da luta contra os holandeses. Na história das Américas, só perde em importância para a de Haiti. Um historiador como Oliveira Martins, que certamente não pecava por simpatia para com os escravos, viu em Palmares uma Ilíada e batizou Macaco, a capital palmarina, de Tróia Negra. Ainda hoje, à distância de quase três séculos, seu acento libertário e seu socialismo infuso suscitam emoção e entusiasmo. Extraído do livro "Palmares - A Guerra dos Escravos" Décio Freitas Edições Graal, 1982.

Livro: Kulé-Kulé – Educação e Identidade Negra


Kulé, Kulé, em ioruba, significa raiz.
A obra reúne artigos que estão organizados tematicamente em três partes. Na primeira, Cultura, Educação e Identidade Negra. Organizadores: Ângela Maria de Brito, Moisés de Melo Santana, Rosa Lúcia Correia.
Elaborado pelo Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros, pertencente à Universidade Federal de Alagoas, o livro aborda temas como: Cultura, Educação e Identidade Negra. Fala da especificidade da identidade negra e suas possíveis articulações com os processos educativos historicamente construídos, apontando a necessidade de políticas públicas que contemplam tal condição.

A África Está em Nós – História e Cultura Afro-Brasileira


Uuma obra dedicada à história e à cultura afro - brasileira, distribuída numa tábua de matérias que contempla a África Fundamental, as Heranças Africanas, a História da África, a Escravidão, Afro - Brasileiros na Sociedade Brasileira, e complementada com Pautas Musicais e com Textos Literários, de autoria de Solano Trindade, Antonio Jacinto, Noémia de Souza, Castro Alves, além de poetas populares negros e do conto popular Macaquinho de Angola.
O livro de Roberto Benjamim foi elaborado para atender aos dispositivos da Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que alterando a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996) inclui no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro – Brasileira. A nova Lei diz que o conteúdo programático inclui o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil ( parágrafo 1º do artigo 26-A).

A DIVERSIDADE EM MOVIMENTO

Para Siveira Bueno a diversidade significa variedade, diferenças. Portanto, falar em diversidade é também reconhecer a variedade de situações e realidades que existem na sociedade. Mas quando alguém é classificado como diferente, ele ganha um caráter de anormal, por ser estranho ao grupo social, produzindo uma relação de exclusão.Somos diferentes, pensamos diferentes, mas ao agrupar nossas diferenças, nos tornamos uma unidade, que pode ser definida como uma comunidade (comum unidade). E é por meio dela que passamos a conhecer nossas diferenças, nossas qualidades e limitações, nossos limites e possibilidades.

A VOZ DO POVO KALUNGA

Acervo de arquivos fonográficos ampliado periodicamente contendo entrevistas, músicas e rezas, que comporão os primeiros programas de rádio produzidos pelo projeto "O Povo Kalunga".

sexta-feira, 12 de março de 2010

Educação Quilombola e a Diversidade


Muitas comunidades,diversas educações...
Para entender essa conversa é preciso compreender educação quilombola pensando em unidade e diversidade. Unidade porque existe uma dimensão de identidade que é comum a todos/as quilombolas referente a relação com a terra, territorialidade e na sua condição de sujeitos de direito.
Sujeitos de direitos são pessoas que vivem na sociedade, em áreas urbanas e rurais e têm direito a ter direito, cabendo ao Estado assegurar-lhe o acesso ao direito, a proteger de violações e a realizar reparação sempre que se fizer necessário.
Diversidade porque há diferentes culturas nesses territórios, presentes em todas as regiões do Brasil. A comunidade quilombola de Castainho no Agreste de Pernambuco não é igual à comunidade quilombola da Base, no Ceará, nem igual à comunidade de Caiana dos Crioulos na Paraíba, por exemplo.

Livro: Capoeira


A coleção Lembranças Africanas fala dessa herança. O primeiro livro da coleção traz todo o encanto da capoeira, luta gingada que surgiu no Brasil, a partir dos negros bantos de Angola, que vieram para o Brasil como escravos — uma forma de defesa nas lutas contra a escravidão. Os escravos das fazendas iam para as capoeiras (capinzais) dançar e lutar. Por isso a luta ficou com esse nome. Com belíssimas ilustrações de Rosinha Campos, ele inicia a coleção recomendada pela FNLIJ.
Era uma vez um país chamado Brasil. Depois que os portugueses tomaram posse do país, trouxeram da África muitos negros para trabalhar como escravos. Eles trouxeram suas músicas, suas danças, suas línguas, sua religião e muitos outros costumes, que com o passar dos anos, foram se misturarando com os dos índios que aqui moravam e com os dos portugueses. Vários desses costumes viraram partes importantes da cultura do país, mas muita gente não se lembra de que eles foram trazidos pelos escravos.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Exposição fotográfica apresenta tradições da cultura Quilombola no país

O registro fotográfico, inédito, realizado pelo fotógrafo documentarista André Cypriano em negativo convencional preto-e-branco tratado digitalmente, é resultado da pesquisa de campo em 11 comunidades negras remanescentes dos quilombos no Brasil, incluindo o Quilombo de Conceição dos Caetanos – Tururu, a 114 quilômetros de Fortaleza, com cerca de 250 famílias.

Programa Brasil Quilombola

Programa Brasil Quilombola, sob coordenação da Secretaria Especial de Promoção e Política da Igualdade Racial (Seppir) integra um conjunto de ações de vários orgãos federais para fazer valer os direitos das comunidades quilombolas. Melhorar as condições de vida e fortalecer a organização das comunidades remanescentes de quilombos por meio da promoção do acesso aos bens e serviços sociais necessários ao desenvolvimento, considerando os princípios sócio-culturais dessas comunidades, é o compromisso do governo federal.

O MDA compartilha esse compromisso e participa desse Programa desenvolvendo uma ação integrada de seus órgãos, sob a coordenação do Programa de Promoção da Igualdade de Gênero, Raça e Etnia.

Os Principais Quilombos do Brasil

DIFERENTES DENOMINAÇÕES DE QUILOMBOS

Quilombo – Kilombo vem de Mbundu, origem africana, provavelmente significado de uma sociedade iniciativa de jovens africanos guerreiras Mbundu – dos Imbangala.

OS QUILOMBOS

Os Quilombos representam uma das maiores expressões de luta organizada no Brasil,
em resistência ao sistema colonial-escravista, atuando sobre questões estruturais, em diferentes momentos histórico-culturais do país, sob a inspiração, liderança e orientação político ideológica de africanos escravizados e de seus descendentes de africanos nascidos no Brasil.
O processo de colonização e escravidão no Brasil durou mais de 300 anos. O Brasil foi o último país do mundo a abolir a escravidão, através de uma lei que atirou os ex-escravizados numa sociedade na qual estes não tinham condições mínimas de sobrevivência.

Os Quilombos continuam sendo sociedades livres, igualitárias, justas/soberanas em
busca de felicidade. Eram sociedades político-militares, que nasceram de movimentos de insurreições, levantes, revoltas armadas, proclamando a queda do sistema escravocrata. Freqüentemente aqueles movimentos tomavam a forma de quilombos à semelhança de Palmares. Os quilombos existiram em múltiplos pontos do país em decorrência das lutas ocorridas em diferentes lugares onde houvesse negação de liberdade, dominação, desrespeito a direitos, acrescidas de preconceitos, desigualdades e racismo.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Jogos Africanos


Em acordo com as Leis nº. 10.639/03 e 11.645/08, publico esta postagem com orientações sobre como aplicar jogos africanos em sala de aula, que podem ser utilizados num projeto de ensino-aprendizagem de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Os jogos são muito instigantes, podem ser aplicados em todos os ciclos da Educação Básica, nas disciplinas correspondentes às leis citadas.
Esses jogos, oriundos de uma cultura aparentemente desconhecida pelos educandos, tornam-na interessante por incitar ao raciocínio. As informações sobre história, origem e regras destes jogos já alcançam o objetivo de apresentar aos alunos algo da cultura africana. Porém, neste projeto pôde-se ir além: ao final dos trabalhos, os educandos desenvolvem outros conhecimentos, como a geografia da África, seus diversos países, bandeiras e até mesmo sobre a arte e a fauna específicas do continente africano.

Yoté - jogo africano
Este jogo, muito popular em toda a região oeste da África (particularmente no Senegal), é uma das melhores escolhas para a introdução do educando à cultura africana e, ao mesmo tempo, convidá-lo a desenvolver seu raciocínio e sentido de observação.


Em alguns países africanos, os jogos de estratégia, como o Yoté, estão muito ligados às tradições. As táticas de jogo são verdadeiros segredos de família, passados de geração em geração; as crianças são iniciadas ao conhecimento do jogo quando estas se mostram aptas ao raciocínio estratégico. Entre alguns povos, este jogo é reservado exclusivamente aos homens, e às vezes, é usado para resolver conflitos entre eles. Outro motivo que faz o Yoté popular, principalmente no Senegal, é o fato de que os jogadores e os espectadores fazem apostas baseadas neste jogo.
Em muitos grupos infantis, as crianças costumam traçar o tabuleiro na areia, utilizando como peças pequenos cocos, sementes, pedras ou qualquer outro recurso facilmente conseguido.
Classificado entre “os melhores jogos da infância” pelo Comitê Internacional da UNICEF, este jogo desenvolve muito a sagacidade e o sentido de observação. Com uma estrutura e regras totalmente baseados em estratégia, o Yoté incentiva o educando ao raciocínio, desde o posicionamento da primeira peça até a percepção de que se ganhou ou perdeu a partida. Vale ainda destacar a semelhança das regras do Yoté com o jogo de Damas, muito popular entre os brasileiros.

Oa africanos e seus descendendentes na história do BRASIL


Desde que chegaram ao Brasil, em 1500, os portugueses tinham esperança de enriquecer com o comércio de produtos da terra que pudessem interessar aos compradores europeus. Mas aqui não encontraram o que esperavam. Aqui não havia as mercadorias valiosas que conheciam,nem as pimentas da índia, nem o ouro que existia na Guiné, no continente africano. Existia o pau-brasil, que eles logo começaram a explorar.Mas o que havia de mais valioso eram mesmo as terras do Brasil.Terras férteis, de uma vegetação exuberante e de uma vastidão interminável. Nada que se pudesse comparar com o pequenino Portugal. Foi por isso que, aproveitando a abundância da terra, eles começaram o plantio da cana, para produzir o açúcar que podia ser vendido muito caro na Europa. E, para plantar cana e produzir açúcar, era preciso muita gente para trabalhar. Onde encontrar essa gente? Estavam bem ali, ao alcance da mão. Eram os índios. Naquele tempo, os europeus pensavam que os povos indígenas que encontravam na América não eram gente como eles. E é claro que eles eram diferentes. No Brasil, eles andavam nus e viviam de um modo que não se parecia nada com aquilo que os portugueses conheciam. As aldeias onde moravam, no meio da floresta, eram diferentes das aldeias e vilas de Portugal e eles tinham outros costumes. Conheciam como a palma da mão o território onde viviam e seus deuses eram as forças da natureza que dava a eles seu sustento. Nada sabiam do Deus dos cristãos. Por isso os europeus chegavam até a duvidar que os índios tivessem alma e que fossem verdadeiros seres humanos. Eram selvagens que eles precisavam civilizar. Os índios eram diferentes dos europeus e por isso os europeus achavam que eles eram inferiores. Para que tivessem algum valor, era preciso que se tornassem idênticos a eles. Era preciso catequizar os indígenas, convertendo-os a qualquer custo ao cristianismo. E era preciso ensiná-los a viver em aldeias como as da Europa e trabalhar como os europeus. Como não estavam acostumados a viver e trabalhar desse modo, era preciso obrigá-los a trabalhar e viver assim. Era preciso transformá- los em escravos dos colonos brancos portugueses. Nessa época, os portugueses já tinham viajado muito pela África e conheciam os negros do continente, porque controlavam a venda de escravos africanos para a Europa. Por isso, quando chegaram ao Brasil, eles chamaram os índios de negros da terra e passaram a escravizá-los, como já faziam com os negros da África.
Fugindo da escravidão, os índios foram se afastando do litoral, refugiando- se cada vez mais longe no interior do território brasileiro. E logo os portugueses começaram a organizar expedições para ir atrás deles. Essas expedições, organizadas pela gente de São Paulo de Piratininga, eram chamadas bandeiras. Os bandeirantes capturavam as populações indígenas para o cativeiro e ao mesmo tempo também tomavam posse de suas terras, para dividi-las entre os colonizadores. Assim eles iam conquistando o território do Brasil. No entanto, não demorou muito para que os bandeirantes passassem a ter maiores ambições.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

EDUCAÇÃO QUILOMBOLA

Para elevar a qualidade da educação oferecida às comunidades quilombolas, o Ministério da Educação oferece, anualmente, apoio financeiro aos sistemas de ensino. Os recursos são destinados para a formação continuada de professores para áreas remanescentes de quilombos, ampliação e melhoria da rede física escolar e produção e aquisição de material didático.
Levantamento feito pela Fundação Cultural Palmares, órgão do Ministério da Cultura, aponta a existência de 1.209 comunidades remanescentes de quilombos certificadas e 143 áreas com terras já tituladas.
Existem comunidades remanescentes de quilombos em quase todos os estados, exceto no Acre, Roraima e no Distrito Federal. Os que possuem o maior número de comunidades remanescentes de quilombos são Bahia (229), Maranhão (112), Minas Gerais (89) e Pará (81).
Estudos realizados sobre a situação dessas localidades demonstram que as unidades educacionais estão longe das residências dos alunos e as condições de estrutura são precárias, geralmente construídas de palha ou de pau-a-pique. Há escassez de água potável e as instalações sanitárias são inadequadas.
De acordo com o Censo Escolar de 2007, o Brasil tem aproximadamente 151 mil alunos matriculados em 1.253 escolas localizadas em áreas remanescentes de quilombos. Quase 75% destas matrículas estão concentradas na região Nordeste.
A maioria dos professores não é capacitada adequadamente e o número é insuficiente para atender à demanda. Em muitos casos, uma professora ministra aulas para turmas multisseriadas. Poucas comunidades têm unidade educacional com o ensino fundamental completo. Contatos: (61) 2104 9262 / 9183

sábado, 20 de fevereiro de 2010

A História do povo Kalunga

O Brasil é um país de culturas e tradições múltiplas, algumas pouco conhecidas de nossas crianças e jovens.
Na medida em que conheçam a história do povo Kalunga, seu povoamento
no interior de Goiás, sua peculiar ocupação da Chapada dos Veadeiros, a
presença incontestável da cultura africana e a permanência de valores e
costumes dos tempos coloniais, nossas crianças e jovens compreenderão
melhor a diversidade étnica e a pluralidade cultural de nosso país, ao mesmo
tempo que aprenderão a respeitar as singularidades das culturas e dos
povos e a entender a identidade nacional.
UMA HISTÓRIA DO POVO KALUNGA deve estar presente no cotidiano das
escolas, fundamentando e estimulando, entre a população brasileira, estudos,
valores éticos, atividades didáticas e projetos de pesquisa.

Paulo Renato Souza