terça-feira, 23 de março de 2010

Quilombo dos Palmares

Na história das revoltas escravas brasileiras, a de Palmares ocupa lugar ímpar. Não foi apenas a primeira, mas, também, a de maior envergadura. No decurso de quase um século os escravos da então capitania de Pernambuco resistiram às investidas das expedições continuamente enviadas por uma das maiores potências coloniais do mundo. Projeta-se como o acontecimento dominante da história pernambucana na segunda metade do século XVII e como um dos mais sérios problemas que a administração colonial lusitana teve de enfrentar no Brasil. Pois inúmeras vezes a coroa admitiu francamente que a extinção de Palmares teve uma importância comparável à da expulsão dos holandeses. Comandadas por alguns dos melhores chefes militares da época, mais de trinta expedições – provavelmente o número passou de quarenta – marcharam contra Palmares, no mais prolongado e árduo esforço bélico da história colonial, à parte o da luta contra os holandeses. Na história das Américas, só perde em importância para a de Haiti. Um historiador como Oliveira Martins, que certamente não pecava por simpatia para com os escravos, viu em Palmares uma Ilíada e batizou Macaco, a capital palmarina, de Tróia Negra. Ainda hoje, à distância de quase três séculos, seu acento libertário e seu socialismo infuso suscitam emoção e entusiasmo. Extraído do livro "Palmares - A Guerra dos Escravos" Décio Freitas Edições Graal, 1982.

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